sábado, 24 de dezembro de 2011

Crônica de Natal



Cena habitual natalina: família  aparentemente feliz , reunida na sala de estar trocando beijos e abraços e claro, recebendo seus presentes nessa data tão especial celebrada por toda parte do mundo. Sorrisos em todos os rostos e uma sensação de união que so poderia ser embala por aquela clássica canção: ‘’ Dingle Bell, dingle Bell , dingle Bell rocks....

Cena perfeita que descreveria qualquer filme meloso americano sobre o Natal.
Pois essa foi mais uma cena de filme meloso americano sobre o Natal. Na vida real seria mais ou menos como nessa singela historia:

Família aparentemente feliz, mas cada um com seus problemas: a mãe preocupada com o almoço em família, o pai cansado do seu emprego, e os filhos, bem os filhos, sabemos que eles sempre ainda não sabem o que querem de suas vidas. Apenas cumprem seus papeis e fazem o que podem com os seus caprichos e devaneios da juventude.

Se fosse uma família mais abastada, estariam passando o natal e o ano novo no exterior ou ate mesmo em outro estado mais badalado, mas como nossa família não tem essa boa vida, não tiveram outro remédio se não se aturarem naquela mesma cidade e seus programas de sempre.


- Meus Deus, e se esse jantar não der certo minha filha! Diz  a mãe aflita e com receio de algo sair errado.

- Relaxa mãe, todo ano é a mesma coisa. Não sei por que voce ainda faz essa cena , diz a filha adolescente com seus fones de ouvindo e vendo o seu filme favorito ( filme esse favorito por quase todas as jovens da sua idade ) coisas fúteis sabemos, mas a futilidade já é coisa de idade não?

- maeeê, maeeê, papai Noel não pode esquecer o meu computador de presente, não pode esquecer!!  diz o caçula as berros e correndo pelos cantos da casa.

- não corra pela casa, menino! diz a mãe com os  olhos quase saindo do rosto

- odeio essa família, diz a garota cutucando o nariz e mudando de canal

- deixa de bobagem moleque, esse negocio da papai Noel não..

Disse o outro filho adolescente, mas antes que acabasse a frase foi chutado pela Irma e empurrado pelo cachorro que estava do lado de fora da casa- ai meus deus menino, quantas vezes te disse para não deixar o cachorro entrar? Diz a mãe os berros.

E aos gritos e com cachorro, foi se passando aquela cena ate chegar o pai, o marido, o
Chefe a casa, o homem das contas.

- não agüento mais esse trabalho. Isso vai acabar me matando junto com a minha gastrite, diz ele após sentar se no sofá.

- não se preocupe, isso é coisa da sua cabeça querido. Tome, você precisa é tomar sua aspirina e esquecer isso. Afinal, é Natal, disse a esposa.

- odeio tudo isso, principalmente o natal, disse o marido.

-que é isso querido? As crianças estão ouvindo! Disse a esposa sem tirar os olhos do fogão. O peru não podia queimar. Pois haveria uma ceia naquela noite.

Chegado a noite, foram se fazendo os preparativos para receber os convidados. Para falar a verdade, os convidados eram os mesmo dos anos anteriores. Mas entenda distraído leitor que se tratando de convenções de famílias, sempre se há modos e costumes que nunca mudarão, nem na literatura ariscaria dizer.

Se você já teve alguma festa de  natal em família na sua vida, sabe o que aconteceu depois dos preparativos. Se não teve, contarei brevemente o que ocorreu: a família ficou toda arrumada para o jantar e aparentemente, tentando ser uma família feliz ( ao seu modo verdade seja dita).

 E o que  seria um jantar em família sem família? Pois sim, chegaram os benditos parentes. Ah parentes, viestes para o mundo para nos completar , multiplicar a nossa espécie, mas também para nos deixar em grande parte, amargas e estranhas lembranças. Chegam os tios, com suas habituais piadinhas sem graça e chamando todos os filhos ( mesmo os adolescentes )de crianças. Com os tios, chegam os primos. Quem nunca teve alguma lembrança, mesmo sendo ma de algum, que rasgue esse texto agora mesmo. E o vovô? Ah vovô não poderia ficar de fora dessa festa. Como sempre vovô conta mais uma historia sem graça envolvendo sua antiga paixão com o natal.

- essa festa me lembra aquele natal de 19... Depois acabava dormindo no meio do jantar.

- esse velho esta cada dia mais doido, dizia um dos tios

- mais respeito com o papai! Dizia a mãe

- eu quero morrer ! dizia a filha adolescente

- demais, o vovô baba e ronca ao mesmo tempo! Dizia uma das crianças
 

E o que seria de uma festa natalina em família sem musica? E da lhe ‘’ então é natal’’ ‘’ bate o sino pequenino..’’ ..’’ dingle, Bell , dingle Bell, acabou o papel..’’ gritava com a boca toda suja o coral de crianças . e como esquecer o especial do Roberto Carlos? Entra ano e sai ano, la esta ele com suas malditas musicas enchendo os corações das velhas de todo o pais e o saco de milhões de pessoas.

– quem sabe ano que vem agente passe o natal em angra? Dizia a mãe na va esperança de salvar o animo da família.

- é quem sabe, disse o pai já olhando pro relógio e cansado de tudo aquilo.

A festa em si, como todos os anos, foi um desastre. Mas entenda que esse é apenas mais um de vários natais cinzas de vidas comuns. Não teve Papai Noel , sorrisos , chocolates quentes e nem trocas de presentes entre eles. Pois a arte constrói mentiras assim como a vida destrói verdades.

Foi ai que choveu a ventou muito naquela cidade. O bom velhido não chegou e nem os seus presentes. Mas naquela mesma casa, após os parentes partirem para suas casas. Aquela família depois de muito tempo estava feliz. Contavam velhas piadas de outros tempos, imitavam os vizinhos e parentes. Estavam felizes. Não se engane leitor, que a vida tem dessas, as vezes momentos felizes ficam bem nas propagandas. Em outros ficam melhor na vida real. Simples assim, como uma crônica de natal.   


Um comentário:

Manfrá disse...

Me lembro quando criança aonde eu sonhava com um Natal no estilo americano assistindo aquelas semanas de filmes natalinos que passavam na sessão da tarde... Rsrs muito bom, abraços

partodelua.blogspot.com