domingo, 18 de outubro de 2009

Desabafo para o Tédio

O que espero
Dos dias que me acompanham
Do que se espera
Das próprias pessoas
Uma falsa modéstia
Melhor passar adiante

Tudo passa
Ate mesmo essas palavras
Que percorrem essas linhas
Passam
Mas não esperam

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Traquinagens




Se assim fosse
Tomava suco de caju
Subiria no pé de goiaba
Pulava o dia inteiro
Cabularia aula pra pescar
E com o troco do pão
Te daria um beijo e um doce

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vinte e Três

Lembro eu
Uma vez
Quando tinha vinte e três
Que o tempo ainda era nada
Do infinito dos dias das vidas que contei

Os passos ainda eram largos
E o rosto macio pela lucidez
Deslizava nas primaveras alheias
Cheirava Roma e Dias Aléns
Pousava em tecidos coloridos

Cantava para mim mesmo
As canções pra encantar o momento
E muitas vezes,
Cantava pra ninguém

Sonhava acordado, o infeliz
Por vinte e três noites adentro
Entrando em outros sonhos
Imaginando outro mundo
Aspirava vôos impossíveis
Mesmo com os olhos vendados

Olhava no espelho e ria
Hoje olho e entendo
A fruta da mocidade
Nunca me enganava
E uma certa certeza, as vezes
Em mim pairava

Pensava distante
Anos a mais em mim
Talvez
Anos que nunca tive
Surgiram aos montes
E todos eles nunca assumi, mas acreditei

E vinham os versos, o verbo
Se fazia nos olhos e perna, o caderno, testemunha
Se um certo poeta
Um dia eu o procuro de novo

Lembro eu
Em outros tempos
Hoje não lembro mais
Quantos anos mesmo?
Já não importa
Os outros ficaram pra traz