quinta-feira, 21 de junho de 2012

O argentino





Cidade do rio de janeiro. Em um passado não tão distante assim. Um casal de americanos foi seqüestrado. Foi noticiado praticamente em quase em todos os tele jornais da grande mídia. A polícia disse estar empenhada nas investigações. O governador do Estado noticiou estar surpreendido com a situação, afinal, como uma cidade tão bonita e protegida como o Rio, ser vitima desses bandidos? De quem é a culpa Brasil? Minha com certeza não é- diz o governador com um belo sorriso amarelo.

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Do alto do morro um homem de estatura média de pele parda fuma calmamente seu cigarro e toma uma dose de cerveja de péssima qualidade ( sabe aquelas cervejas que passam nos comerciais? Pois é, são essas mesmas ). Bota a mão no saco e diz – que merda argertino, agora ta passando em todo canal sobre o nosso lance. Te falei que isso ia dar merda! – relaxa Tonhão, tu já sabia que isso ia acontecer desde o começo. Deixa de viadagem! – diz  o outro com tom tranqüilo, mas com ar de sarcasmo. Tinha uma aparência melhor a pela e roupas mais cuidadas. Chamava- se Rubens, mas era mais conhecido como o argentino.


Jogador de futebol, era isso que Rubens queria ser quando menino. Nascido na zona sul do Rio, sonhava em levantar a taça da Copa e encher o rabo de dinheiro na Europa. Mas ele nunca foi bom de bola. Não foi por falta de vontade, ele sempre jogava com seus amigos e entendeu desde cedo que os sonhos morrem mais rápido que nossas esperanças. Para isso inventou uma vingança um pouco diferente: torcer pela Argentina. Sempre que tinha um jogo do Brasil, ele vestia aquela camisa argentina tão odiada. So que ele pagou um preço alto por isso. Teve que ouvir ofensas e apanhar por muitas vezes de muitos caras .E quem disse que a vingança era doce? Muitos o chamaram de louco, anti patriota entre vários palavrões. Ele não era pobre, muito pelo contrario, filho de classe media , estudou nas melhores escolas que tinha na cidade. Via tudo aquilo como uma grande hipocrisia. Aprendeu mas nas ruas que na escola. Como quase todo playboy da cidade, se envolveu com drogas e fez muitas amizades nas bocas. Diferente de muitos de sua classe social, não era um drogado viciado e descobriu sua verdadeira vocação, traficante.

 Como nas letras de rap, aprendeu bem como se vive um bandido e desprezar a policia. Depois de alguns favores, mortes, chantagens, conseguiu entrar no trafego, mas não pense que isso foi fácil, ser branco, rico nos dias de hoje não esta fácil pra ninguém, nem para aspirante a bandido muito menos sendo torcedor da argentina.

Com os negócios em alta, já estava formando seus clientes que não eram poucos ( atores, apresentadores de TV, políticos, os grandes usuários de sempre ) – que se foda o Copa – dizia ele- isso aqui é muito melhor!

Umas semanas atrás, ouve uns boatos no morro , mas so veio acreditar quando um de seus amigos que era jornalista lhe contou : estavam investigando a relação do trafico entre a mídia e os políticos. Parece que artistas ligados e financiados e essa organização, estavam sendo investigados com seus telefones grampeados. Quem teria coragem de fazer isso se todos os jornalistas são subornados e ameaçados? Pensou o Argentino. Foi então que um informante de confiança lhe disse que os responsáveis por isso eram um casal de jornalistas estrangeiros. Coitados - disse ele quase rindo.

Foi fácil encontrar eles.

Após algumas horas de perguntas e torturas, o argentino conseguiu poucas informações: estavam de férias pelo país e descobriram por acaso sobre a rede de corrupção - Vocês gringos são muito ingênuos ou muito burros. Se tivessem ficado calados e aproveitando suas férias nada disso teria acontecido- disse Rubens. – please, temos filhos não podemos morrer aqui! Disse o jornalista com o rosto inchado. – veja bem, também tenho família senhor, mas não posso deixar isso passar. Tenho negócios, e vocês fizeram um baita estrago nele. Agora a mídia terá que contar mentiras maiores que o de costume para não chegar ao meu nome, pois se a verdade for exposta, ou seja , se souberem de mim, toda a rede entre mim, a mídia , Brasília e outras pessoas será descoberto. Se tem uma coisa que não gosto é matar pessoas. Mas alguns jornalistas são meio teimosos, uma pena.

Alguns gritos de piedade começam. Rubens apenas da as costas e da o sinal para os seus comparsas.

O dia começa. Pessoas correm cedo nas praias no Rio. Um lindo por de sol surgi. Surfistas vagabundos e outras pessoas vão para a praia. Nos jornais, nada sobre o seqüestro dos jornalistas. Uma das ultimas informações foi que estavam de férias e supostamente foram seqüestrados. Logo o caso foi esquecido pelo novo escândalo nas calcinhas. Na televisão, atores defendiam os direitos humanos e falavam com lagrimas sobre o sofrimento dos bandidos e como eles eram injustiçados pela sociedade. E todo mundo so falava da ultima novela e da seleção.

Perto da praia tem um morro. La, dois corpos  estão carbonizados. Assim como na praia, os traficantes aplaudem o belo por de sol. Rubens , passa o mão na sua camisa argentina e pensa alto-   é aquí es donde me gano mi dinero, pero mi patria es otra!

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