quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Vinte e Três

Lembro eu
Uma vez
Quando tinha vinte e três
Que o tempo ainda era nada
Do infinito dos dias das vidas que contei

Os passos ainda eram largos
E o rosto macio pela lucidez
Deslizava nas primaveras alheias
Cheirava Roma e Dias Aléns
Pousava em tecidos coloridos

Cantava para mim mesmo
As canções pra encantar o momento
E muitas vezes,
Cantava pra ninguém

Sonhava acordado, o infeliz
Por vinte e três noites adentro
Entrando em outros sonhos
Imaginando outro mundo
Aspirava vôos impossíveis
Mesmo com os olhos vendados

Olhava no espelho e ria
Hoje olho e entendo
A fruta da mocidade
Nunca me enganava
E uma certa certeza, as vezes
Em mim pairava

Pensava distante
Anos a mais em mim
Talvez
Anos que nunca tive
Surgiram aos montes
E todos eles nunca assumi, mas acreditei

E vinham os versos, o verbo
Se fazia nos olhos e perna, o caderno, testemunha
Se um certo poeta
Um dia eu o procuro de novo

Lembro eu
Em outros tempos
Hoje não lembro mais
Quantos anos mesmo?
Já não importa
Os outros ficaram pra traz

Um comentário:

S. F. disse...

Ou vc se aliaa ao tempo, fazendo de tudo que passou suas experiências de vida...
ou torna-se inimigo do tempo, por ter passado de maneira inútil e frustrante...

beloss poeemas!